O ritual da mística no processo de identificação e resistência


resumo resumo

Freda Indursky



Somente a utopia colocada à frente como horizonte maior,

tendo a mística como energia real e imediata,

consegue dar sentido à coerência

e mantê-la sem hesitação.

Ademar Bogo – MST

 

A mística [...] é a alma da esquerda

que produz a garra necessária

para combater as injustiças [...]

Pedro Ranulfo - MST

 

Primeiras palavras

Anteriormente, examinei diferentes modos de subjetivação/identificação no discurso do/sobre o MST (INDURSKY, 1999; 2005; 2006). No presente trabalho, parto do que já foi apurado nos trabalhos anteriores, mas a indagação que conduz o momento atual de minha investigação é distinta.

É sabido que as pessoas que ingressam nas fileiras do MST vêm de diferentes regiões e têm um entorno cultural bastante diversificado:  pessoas do meio rural que buscam um pedaço de terra para dela tirar sua subsistência; trabalhadores rurais que foram dispensados em função da mecanização dos trabalhos no campo; filhos de ex-sem-terra, assentados juntamente com seus pais, que retornam aos acampamentos, pois, agora, adultos e já com sua própria família constituída, necessitam de seu próprio pedaço de chão, pois a terra de seus pais é pouca para prover a todos. Mas essa não é a única situação dos acampados. Outros segmentos também aí se encontram, entre eles pode-se citar alguns sem-teto, os sem-emprego e, mais recentemente, os brasiguaios[1] que retornam ao Brasil e inscrevem-se nas fileiras do Movimento dos trabalhadores Sem Terra (MST). Desse modo, é possível perceber que os sem-terra acampados constituem um grupo bastante heterogêneo.

Em função dessa diversidade, comecei a indagar-me de que modo esses acampados e até mesmo os assentados, tão diferentes entre si, são interpelados a se identificarem com o MST e com os saberes dos trabalhadores rurais. Acredito mesmo

Brasiguaio é a designação que está sendo dada a brasileiros que emigraram para o Paraguai na segunda metade do século passado, em busca de terras agriculturáveis. Parte deles estão retornando em função de conflitos com os sem-terra paraguaios. No momento, oriento a Tese de Doutorado Discursos, memórias e representações identitárias: os brasiguaios dos dois lados da linha de Rosemere de Almeida Aguero, em que esta complexa situação é analisada.



[1] Brasiguaio é a designação que está sendo dada a brasileiros que emigraram para o Paraguai na segunda metade do século passado, em busca de terras agriculturáveis. Parte deles estão retornando em função de conflitos com os sem-terra paraguaios. No momento, oriento a Tese de Doutorado Discursos, memórias e representações identitárias: os brasiguaios dos dois lados da linha de Rosemere de Almeida Aguero, em que esta complexa situação é analisada.