Revista Rua


Apresentação Rua 19 Volume 2

      A Revista RUA encerra o ano de 2013 com seu volume II do número 19, trazendo à tela um conjunto de reflexões analíticas importantes para aqueles que se interessam por questões contemporâneas que afetam os modos e os meios das relações sociais – e, portanto, relações de sentido – se configurarem, espacializando, no sujeito e com o sujeito, processos de significação importantes de serem notados quanto à cidade, ao corpo, à tecnologia, à língua em diferentes formas de organização e circulação: enquanto língua estrangeira, enquanto literatura, música, poesia.

      Começamos a tecer esta rede discursiva com os autores Marta Mourão Kanashiro, Fernanda Glória Bruno, Rafael de Almeida Evangelista e Rodrigo José Firmino, no artigo Maquinaria da privacidade, onde trabalham a instabilidade na rede de significação em jogo nos sentidos de “privacidade”, quando pensados a partir dos monitoramentos que fazem parte dos diferentes serviços digitais disponíveis na rede, afetando os sentidos de “indivíduo”, “segurança” e “democracia”, dentre outros. Entre o Eterno e o Efêmero: o uso do SIG – Histórico para uma análise da transformação da Paisagem, Bárbara Lustoza da Silva Borba e João Rodrigo Vedovato Martins nos mostram como a tecnologia digital “Sistemas de Informações Geográficas” – SIG – no entrecruzamento com o Google Earth permite problematizar os processos e transformações da paisagem, compreendidos enquanto processos políticos e sociais engendrados nos conflitos de interesse e relações de poder vinculados ao uso, à história e à memória dos espaços. Enfocando uma outra tecnologia, a das placas, Stella Maris Rodrigues Simões, em seu artigo A placa na entrada da cidade: a (re)nomeação dos seus sujeitos, permite-nos dar consequência ao modo de pensar o “espaço-cidade” enquanto um lugar de circulação e deslocamento de sentidos, e de individuação de sujeitos que se significam por esses sentidos. Espaço-cidade também focalizado por Juliana Soares Bom-Tempo, em seu Aprendizagens da cidade: corporeidades em intervenções urbanas, no qual analisa as configurações dos corpos cotidianos que ocupam e significam o espaço urbano e por ele são configurados em diferentes espaços-tempo da cidade. Essa relação tempo, espaço, corpo é tematizada por Aline Fernandes de Azevedo, em seu Tecnologias do corpo: metáforas da sutura e da cicatriz, trazendo para a reflexão, sobre a constituição do sujeito, o conceito de “tecnologias do corpo” por meio de uma análise em particular: das próteses e da medicalização. É também sobre o sujeito – o do consumo – que se debruçam Lucília Maria Sousa Romão e Fernanda Correa Silveira Galli, em seu artigo Efeitos de sentido em cartuns: sujeito e consumo da/na rede eletrônica, trabalhando especificamente com cartuns publicados sob o título “A nada mole vida depois da popularização da internet”. Sujeito do consumo que pode vir a comprar a língua, sua/outra, tal como nos mostram as análises de Ilka de Oliveira Mota, em seu O inglês na rua, na avenida, na cidade: uma análise discursiva sobre a língua inglesa no espaço urbano brasileiro, incidindo – a possibilidade da compra – no processo de significação desse sujeito urbano com a sua/outra língua(s). De seu lado, o artigo Diante da Lei.. aflição e aprisionamento ao processo, de Carme Regina Schons e Lucas Frederico Andrade de Paula, nos apresenta gestos de interpretação que fazem ressoar um conto Kafkiano em uma notícia brasileira, uma notícia em um conto, mobilizando analiticamente a memória discursiva que atualiza os sentidos do jurídico e, especificamente, do prisional, reverberando sentidos para os sujeitos no batimento do discurso literário com o discurso jornalístico. Nesse funcionamento estético da linguagem, Maciel Francisco dos Santos e Telma Domingues da Silva recortam as letras de músicas sertanejas como um espaço de sentidos no qual pode se inscrever o sujeito. Em seu artigo, Sujeito histórico e amor eterno: a significação da figura materna em músicas sertanejas, os autores buscam compreender, em algumas músicas sertanejas, o funcionamento de um discurso sobre o amor de mãe e de um discurso sobre o amor de filho, mostrando como a relação com as músicas caipiras e o processo de urbanização fazem parte das condições de produção dessas discursividades. Ainda na mobilização de um funcionamento estético da língua, fecha a seção Estudos o artigo Poesia: línguas, sentidos, prazeres, de Thalita Miranda Gonçalves Sampaio, que analisa o deslizamento polissêmico nos procedimentos metafóricos da música Babylon (2000) do compositor Zeca Baleiro.

        Em nossa seção Artes, apresentamos o vídeo m’OLHA lá de Angela de Aguiar Araújo, uma fina experimentação audiovisual que, trabalhando com as espessuras da língua e da imagem, possibilita ao sujeito-espectador se reinscrever em redes de significação estruturalmente presentes na memória discursiva sobre o e do Sertão nordestino brasileiro por meio de sentidos em torno de Padre Cícero. Nesse gesto de interpretação, na condensação e no deslocamento, Angela permite ao leitor ouvir ruídos – movimento estético/ético/político da autora.

         Em sua seção Resenhas e Notícias, RUA traz, além das notícias breves sobre algumas das atividades do Laboratório de Estudos Urbanos, no segundo semestre de 2013, a resenha de Fernanda Kielling Pedrazzi sobre o livro Cronologia histórica de Santa Maria e do extinto município de São Martinho: 1787-1930, convidando o leitor a caminhar por dentre os percursos de esquecimento e reconhecimento de espaços citadinos e urbanos na configuração administrativa e histórica de uma cidade.

         Boa leitura!


Número 19 - Novembro 2013
ISSN 1413-2109/e-ISSN 2179-9911

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Editada pelo Laboratório de Estudos Urbanos reúne artigos, produções artísticas e resenhas de obras que tratem de fenômenos próprios da cidade nos múltiplos espaços do político e do urbano. - Leia mais

   Artes - m'OLHA lá
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Resenha de Fernanda Kieling Pedrazzi