Entre o corpo e a enunciação. O retorno à voz em Marina Lima


resumo resumo

Pedro de Souza
Felipe Jose Martins Pereira



A voz e a cantora no discurso

Entre o que se vê e se escuta e o que apenas se ouve respectivamente na versão em DVD e em CD do Acústico MYTV Marina Lima, é preciso apreender o que se diz da sonoridade vocal aí percebida. Talvez seja insuficiente o fragmento considerado para tornar presente o rumor discursivo maior que faz escutar e dizer a voz nas circunstâncias em que esquadrinhamos o canto de Marina Lima, até aqui exposto na nudez do seu acontecimento sonoro sob os auspícios de um dispositivo que nada diz sobre o que de fato se trata neste trabalho. Seria interessante, mesmo que à guisa de especulação, postular, sob os traços acústicos da voz, a presença de um discurso situado no nível mais apreciativo em que o que a cantora apresenta e registra em DVD e CD só pode vir como vestígio do que seria a voz na memória que diz sobre seu cantar de outro tempo

Na qualidade de testemunho à beira de ser convertido em arquivo vale tomar como indicador   desta discursividade o breve texto do crítico “Disco baila no fio da navalha”, escrito por Pedro Alexandre Sanches, e publicado no jornal A folha de São Paulo, no dia 9 de junho de 2003, dias após o lançamento no mercado do CD e do DVD em foco. Por certo, a referência aqui não tem o estatuto de indicação bibliográfica:  não se trata de localizar o texto produzido na relação precisa com o autor que o escreveu, mas sim de indicar uma curva na região dos dizeres em que se inscreve muitas outras norteando o acontecimento discursivo em que o foco recai sobre a dimensão enunciativa da voz cantante.

De tudo que se diz nesta breve resenha crítica, cabe ressaltar   à referência aos limites vocais da cantora.

Projeta, ainda, uma exposição: cantando ao vivo, ela coloca a nu as dificuldades que ainda sente ao cantar, pronunciando em golpes várias letras "p", "t" e "c". Parece a admissão de um limite, ou então um laço que ela, podendo, ainda resiste em desatar. (Idem)

 

Não se trata de tirar o trecho destacado do contexto intratextual em que ele funciona. De fato, visto do ponto de vista da coerência textual, o recorte é apenas um momento fortuito   de uma resenha   que quer sobretudo ressaltar o valor   da obra em disco, apesar   de suas limitações   erigidas no que representou a figura de Marina Lima como ícone de cantora pop situada entre os anos de 1980 e 190.

Considerações desse tipo a parte, o que se diz nesta passagem em destaque tem relação com a conversão do comentário em vestígio de uma discursividade.  Do que se trata é da voz como traço material do que constitui o sujeito que canta. Retomamos