Entre o corpo e a enunciação. O retorno à voz em Marina Lima
Pedro de Souza Felipe Jose Martins Pereira
Os resultados dessa análise fazem parte de um projeto mais amplo, quadro em que se pode abordar cada uma das realizações vocais como um ato diferencial de enunciação e que, portanto,remetem a modos singulares de subjetivação.No caso de Marina Lima, tomado como um pontual evento enunciativo, a exposição da voz, poderiaser associadaàcontingênciadecolocarem cena o quese pode fazercoma voz- tantona exposiçãolimiteacarretada pelo contraste entre voz principal e apoio vocal, quanto fazendo dele a matéria estética de si e de seu canto.
A repartição esquizofônica da voz
Iniciamos por apresentaraqui uma breve comparação entre a gravação em disco deste espetáculo, oAcústico MTV, lançado em2003, eo álbumMarina Lima, fabricado pela Capitol em 1991,que incluia mesma canção em uma de suas faixas. Ao escutar a melodia de“Grávida”, no discoAcústicoMTV, noponto emque seemite oalongamento da última vogal do vocábuloparir, nota-se que a sonoridade produzida pelabacking vocalremete à emissão inteiramente produzida apenas pela voz de MarinaLima naprimeira gravação incluída na segunda faixado disco MarnaLima. Tal constatação adveio apenas de uma impressãoauditiva baseadana ressonância que vai de Marina cantando “Grávida”, em 1991, ao retorno à mesma canção no disco que registrou o show ao vivoem 2003.
Nesta direção, submetemos as duas gravações da mesma canção, no ponto daemissãovocalaqui delimitado, a um programa de análiseacústica, O PRAAT. Pelo cálculo acústico que o programa permite, isolamos os contextos nos quais se pode compararas durações das emissões vocais dabacking vocalna segunda gravação, com as emissões de Marina Lima, tanto na primeira quantonasegunda gravação. É o que se vê nas figuras abaixo.