“[...] dipois de passado em canoa o rio Paraguay, que hé bastantemente largo naquele sitio” [...][2]. Esse nome é retomado na ata de fundação “n’este districto do rio Paraguay e margem oriental d’elle”, de modo que enunciar o nome da vila não evoca apenas a rainha de Portugal, mas também o rio existente e já nomeado, que projeta uma identidade geográfica ao local demarcado pelo domínio português.
Para compreendermos a estrutura morfossintática do nome “Maria do Paraguay (nome próprio seguido de um sintagma preposicionado), vamos tomar os sintagmas:
Em (a), o nome próprio “Maria” refere a monarca de Portugal, nome memorável que significa também pela devoção religiosa da Corte com a Igreja católica; e em (b), o sintagma faz referência ao rio que banha a margem esquerda da vila. Pelas paráfrases, o sintagma “do Paraguay” não predica “Maria”, como nos leva a pensar a priori, mas sim a “Villa” pela relação do rio com os habitantes, característica local que dá à nomeação uma relação metonímica e de pertencimento do rio à vila e vice-versa.
Conforme Kehdi (2007, p.35), no nome composto, “os elementos que o constituem perdem a significação própria em benefício de um único conceito, novo, global”. Essa relação, porém, não ocorre no funcionamento semântico-enunciativo do nome da “Villa, em que os elementos que o formam têm a sua própria história e se juntam para instituir uma nova história de sentidos pela qual a vila passa a significar.
No enunciado “o Tenente de Dragões Antonio Pinto do Rego e Carvalho [...] tinha passado a este dito lugar por ordem do Governador [...] para com effeito fundar, erigir e consolidar uma povoação civilizada”, o “dito lugar” rediz o já dito no diário de viagem do Governador durante a sua vinda do Rio de Janeiro para a Capitania de Mato Grosso, em 1772:
Cf. Diário (Ao 103.º dia de viagem) de Luiz de Albuquerque na viagem do Rio de Janeiro à Capitania de Mato Grosso (1772), in Freyre (1978, p. 281).
Cf. Diário (Ao 102.º dia de viagem) de Luiz de Albuquerque na viagem do Rio de Janeiro  à Capitania de Mato Grosso (1772), in Freyre (Idem).
[2] Cf. Diário (Ao 103.º dia de viagem) de Luiz de Albuquerque na viagem do Rio de Janeiro à Capitania de Mato Grosso (1772), in Freyre (1978, p. 281).
[2] Cf. Diário (Ao 102.º dia de viagem) de Luiz de Albuquerque na viagem do Rio de Janeiro  à Capitania de Mato Grosso (1772), in Freyre (Idem).