com todas as minúcias, como são os presos, identificados e internados os indivíduos na casa de Detenção. Ernesto Senna para tornar o seu livro exatíssimo chegou mesmo a deixar-se prender (prisão de mentira) passando por todos os acidentes porque passam os presos com que conviveu, apanhando-lhes com tremendo faro de repórter mestre, hábitos e maneiras, e colecionando os jogos, obras de arte, desenhos, tatuagens instrumentos de trabalho, defesa e ataque, usados por aqueles infelizes[1]. (parênteses do original)
Presente no espaço disciplinar esse componente narra tudo como um cinematógrafo que reconstrói os interiores e exteriores, onde corpos nus passam, seu olhar percuciente os atravessa e apreende suas infâmias invisíveis aos olhares comuns. Sua narrativa atinge diretamente uma visibilidade do corpo, localizado em um determinado espaço disciplinar.
Variadíssima e curiosa é a tatuagem entre os delinquentes. Quanto mais criminoso, quanto mais isentos de qualquer vislumbre de sentimentos afetivos pelo seu semelhante, quanto mais reincidentes no desrespeito à vida e à propriedade alheias, mais se multiplicam por toda parte do corpo, e especialmente nos braços, azulados e vermelhos arabescos, desenhos, monogramas, letras, nomes próprios, cruzes etc. (SENNA, 1907, p.59).
Tagarela, 29 de junho de 1904.
[1] Tagarela, 29 de junho de 1904.