Este artigo se constitui como um espaço de reflexão sobre a atribuição de antropônimos em uma cidade brasileira, mais especificamente no município de Aurilândia, no Estado de Goiás. Nesse sentido, lembramos que é necessário levar em conta que os registros são feitos nas cidades onde ficam os cartórios e onde se efetivam as instâncias legislativa e jurídica. Além disso, vale dizer que o gesto de nomear-registrar, que inscreve o sujeito na sociedade juridicamente organizada, passa, então, por uma relação com o meio urbano.
O corpus está organizado com nomes de duas gerações. Denominamos de geração mais velha aquela cuja maioria de pessoas nasceu na década de 1970. A geração que consideramos mais jovem é nascida no século XXI, com algumas pessoas nomeadas em 2000 e outras em 2007. Dito de outro modo, analisamos nomes de pais e de filhos e observamos semelhanças e diferenças no ato de nomeação desses dois grupos que mantêm entre si uma distância cronológica em torno de trinta anos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pretendemos com nosso trabalho colocar-nos no lugar de semanticista. Isso significa inscrever-nos num domínio de saber que inclui no nosso objeto a consideração de que a linguagem fala de algo. Nessa perspectiva, fundamentamo-nos na teoria Semântica Histórica da Enunciação. Vale dizer que para Eduardo Guimarães, estudioso que inaugura essa perspectiva teórica, a enunciação é:
[...] um acontecimento da linguagem perpassado pelo interdiscurso, que se dá na memória no acontecimento. É um acontecimento que se dá porque a língua funciona ao ser afetada pelo interdiscurso. É, portanto, quando o indivíduo se encontra interpelado como sujeito e se vê como identidade que a língua se põe em funcionamento(GUIMARÃES, 2002: 70). (grifos do autor)
Assim, discutimos a questão dos nomes próprios de pessoas do lugar da Semântica Histórica da Enunciação. Esse lugar se constitui na abordagem da “questão