Este livro do arquiteto e urbanista italiano Leonardo Benevolo, nascido em Orta em 1923, descreve ”o nascimento e as transformações do ambiente urbano na Europa e no Oriente Próximo”, por meio de “um texto resumido e de uma farta coletânea de ilustrações”. O material reunido resulta de cursos de desenho ministrados por Benevolo na Itália, na tentativa de “formular uma educação de base sobre o ambiente”. Um dos pontos ressaltados pelo autor é o de que a cidade “não existe por uma necessidade natural, mas uma necessidade histórica, que tem um início e pode ter um fim”. Para abordar os longos períodos da história da cidade, Benevolo indica quatro grandes mudanças. Na primeira época (“paleolítica - pedra antiga”), os habitantes das faixas temperadas viveram coletando seu alimento e procurando um abrigo no ambiente natural, sem modificá-lo de maneira profunda e permanente. A segunda época (“neolítica - pedra nova”) iniciou-se há cerca de 10.000 anos atrás, quando ocorre a produção de alimentos, o cultivo de plantas e a criação de animais, com a organização de “estabelecimentos estáveis – as primeiras aldeias – nas proximidades dos locais de trabalho”. Na terceira época, há cerca de 5.000 anos, algumas aldeias se transformam em cidades. Produz-se um excedente que mantém uma população de especialistas: artesãos, mercadores, guerreiros e sacerdotes. A cidade torna-se mais complexa e passa a controlar o campo. Surge a escrita, dando início à civilização e à história, em oposição à pré-história. Nesse período, há uma divisão entre a Idade do Bronze, na qual os metais utilizados para instrumentos e armas são raros e reservados a uma classe dirigente, e a Idade do Ferro, que “se inicia por volta de 1200 a. C., com a difusão de um instrumental metálico mais econômico, da escrita alfabética e da moeda cunhada, ampliando assim a classe dirigente e permitindo um novo aumento da população”. A quarta é última época vive transformações históricas consideráveis, com a civilização feudal e a civilização burguesa, que preparam “o desenvolvimento da produção com os métodos científicos, que caracteriza a civilização industrial.”. Nesse período, o excedente crescente e ilimitado é distribuído a uma maioria até os limites do ambiente natural. Nasce a cidade moderna, que se estende a todo o território habitado.
Com 729 páginas na edição brasileira de 1993, essa obra ilustrada com centenas de desenhos e fotos tornou-se um clássico da história das cidades e do urbanismo. A leitura de Benevolo conduz a compreender melhor a forma histórica da cidade, que se transforma em diferentes períodos históricos, condicionando os processos de identificação dos sujeitos com a cidade.
Referências bibliográficas
BENEVOLO, L. História da Cidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 1993.