A palavra lixeiro está entre as que têm sido afetadas pelos discursos ecológicos, sobretudo os que contemplam novos sentidos para o que seja lixo, isto é, os discursos de reaproveitamento, reutilização, reciclagem do lixo. O lixo não é algo que se joga fora, ele é selecionado e tem um ciclo de vida, que inclui diversas etapas de transformação.
No dicionário AULETE DIGITAL (2015), lixeiro é definido do seguinte modo:
lixeiro. 1. Profissional encarregado de recolher e transportar o lixo; GARI” (AULETE DIGITAL, 2015)
Nota-se aí, primeiramente, que o lixeiro é significado no interior de um discurso profissional (“profissional”), sendo que a palavra “encarregado” marca uma relação hierarquizada na instituição, que geralmente é uma prefeitura municipal, de maneira que a definição se dá pela perspectiva do empregador. Além disso, a atividade descrita (“recolher” e “transportar o lixo”) é situada no campo do “transporte”, lembrando que a limpeza é comumente efetuada com um caminhão de lixo.
Nas últimas décadas, a palavra lixeiro passou a ser considerada não adequada, “pejorativa”, “preconceituosa”, seja por suscitar sentidos ligados à “sujeira”, seja por significar uma atividade supostamente indigna. Além disso, apareceram outras palavras que têm substituído lixeiro, como agente ambiental e agente de limpeza. Essas palavras estão filiadas a um discurso ambientalista, que tem se inserido nos discursos das administrações, das políticas públicas, dos concursos, das organizações não-governamentais.
A palavra concorre também com algumas que significam outros sujeitos da limpeza pública, como gari, varredor e mais recentemente catador e coletor. Observe-se que estas duas últimas dizem respeito mais especificamente à coleta de materiais recicláveis e muitas vezes a trabalhos informais, como o dos carroceiros ou dos que frequentam os lixões.
→ catador, lixo
Bibliografia
AULETE DIGITAL – O DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Disponível em: http://www.aulete.com.br. Acesso em 17 de março de 2015.