A palavra droga tem um funcionamento muito interessante em nossa sociedade. Isso se dá por conta dos seus múltiplos sentidos e usos. Droga pode significar uma substância química; uma situação ruim ou indesejada que alguém vive e experimenta (Que droga!); e, ainda, um conjunto de efeitos ligados à sua utilização: o prazer, a experiência subjetiva, a transgressão e o interdito. Nesse múltiplo funcionamento da significação da palavra está em jogo o fato de que toda cultura tem nas drogas um conjunto de mecanismos para aliviar e proteger as pessoas dos acontecimentos de vida (o tratamento de doenças, por exemplo), além de um uso que se liga a todo um funcionamento de fuga da realidade e da angústia em que se vive. Não se pode definir e determinar porque alguém usa uma droga. Isso é da ordem da singularidade, ou seja, da vida de cada um.Se nos voltarmos para a história da palavra há na memória de droga o pharmakón dos gregos, isto é, algo pode significar tanto o remédio quanto o veneno. De fato, tem-se aí um equívoco: em determinada quantidade a droga pode ser um remédio, em excesso o veneno, o tóxico. Atualmente o termo droga tem sido definido e regido pelos discursos da saúde. Droga, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicada no Lexicon of alcohol and drug terms[i], em 1994, refere-se, sobretudo na medicina, a algumas substâncias para prevenir e curar doenças. Já em farmacologia a droga é um agente químico que altera os processos bioquímicos e fisiológicos do organismo Todavia, segundo o léxico organizado pela OMS, há um uso social e geral para a droga, ou seja, esse termo se refere especificamente às drogas psicotrópicas. Além disso, há ainda uma significação mais especifica: as drogas são substâncias ilícitas. O Observatório Brasileiro[ii] de Informações sobre a droga, mantido pelo Governo Federal, destaca que as drogas são utilizadas para alterar o funcionamento cerebral causando modificações no estado mental. As drogas psicotrópicas, isto é, aquelas que agem no sistema nervoso central, podem ser divididas em três grupos: as depressoras, estimulantes e perturbadoras. Em relação às drogas depressoras tem-se o álcool, anfetaminas, inalantes e opiáceos (são drogas que reduzem a atividade motora, ansiedade, por exemplo); nas drogas estimulantes tem-se a nicotina (tabaco), cocaína (que aceleram o sistema neurológico); já as drogas perturbadoras são aquelas que alteram o funcionamento cerebral, podendo produzir delírios, alucinações e alterações motoras. Tem-se aí a maconha, os alucinógenos, o LCD, êxtase, entre outras. Desse modo, a droga não age somente no corpo humano, ela produz efeito no corpo social, podendo perturbar a sociedade. Isso se dá por contas de seus efeitos na pessoa humana, em excesso, pode-se desencadear a dependência química, a toxicomania, que é hoje uma doença. As drogas são substâncias que circulam sob forte poder de regulação da sociedade. Há uma preocupação social com relação ao uso de drogas, principalmente as consideradas ilícitas, o que demonstra que a droga hoje é uma questão muito atual. Desse modo, o Estado e a sociedade civil têm desenvolvido campanhas educativas com relação à prevenção do uso de drogas e investido fortemente em políticas de segurança e repressão ao tráfico e uso de drogas. Há países na Europa em que o uso e comércio de algumas drogas são legalizados pelo Estado, a exemplo da Holanda. Na América Latina, o Uruguai, nesse inicio do século XXI, foi o primeiro país do continente americano a legalizar o uso da maconha. Há grupos de estudos nacionais e internacionais discutindo políticas públicas em relação às drogas, pois mesmo não sendo um consenso, considera-se que as políticas atuais são ineficazes, pois elas penalizam e criminalizam as pessoas, sendo necessário um franco diálogo social em relação à produção, ao consumo e ao comércio de drogas.