Segundo L. Mumford, em seu livro História das Utopias, a palavra “eutopia” foi utilizada por Thomas More, autor da Utopia publicada em 1516, em um trocadilho que envolvia eutopia e utopia. More explicava que em grego a palavra utopia podia querer dizer “eutopia”, o bom lugar, ou “outopia”, o não-lugar.
Mais tarde, eutopia ligou-se a certas formas de planejamento urbano. Na segunda metade do século XIX, o escocês Patrick Geddes (1854-1932), biólogo e urbanista, distinguiu eutopia de utopia pelo fato de a primeira establecer necessariamente uma relação com o presente. Considerou, desse modo, as transformações sociais associadas à realidade e ao meio ambiente. Com o conceito de eutopia, efetuou-se uma crítica a concepções idealistas da utopia e propoz-se uma concepção experimental da cidade, ligando o futuro ao presente. Geddes propunha um levantamento geográfico, histórico e social, aliando a preservação e a transformação urbana. O autor denominava Civics a essa abordagem da cidade, que ele via como uma “ciência da educação democrática”. Com os levantamentos efetuados seria obtida uma “Enciclopédia cívica”, com vistas à conscientização do leitor comum.
A noção de eutopia e a prática de levantamento urbano a que ela esteve ligada, inscreve-se historicamente no desenvolvimento do planejamento urbano e dos planos diretores. Ao mesmo tempo, saliente-se que, para Geddes, o levantamento urbano contemplava uma visão geográfica, histórica e social.
Bibliografia
GEDDES, Patrick. Cidades em Evolução. Tradução: Maria José Ferreira de Castilho. Campinas: Papirus, 1994.
MUMFORD, L. História das utopias. Lisboa: Antígona, 2007.