A partir dos anos 2000, intensifica-se, no Brasil, o investimento na criação de locais públicos de acesso gratuito à internet: os Telecentros comunitários. Iniciativa do setor público e ONGs, a implantação de Telecentros no Brasil não se restringia apenas ao acesso a computadores e à internet, mas oferecia também cursos de informática, de programação em alguns locais e esporadicamente, e atividades culturais e de lazer para jovens e idosos. Essas atividades são assistidas por monitores.
Os Telecentros são voltados, em geral, para sujeitos moradores de regiões periféricas e menos favorecidas das cidades brasileiras. Com o intuito de diminuir a chamada “exclusão digital”.
A dita “exclusão digital” foi sempre um empecilho para a implantação da Sociedade da Informação e do governo eletrônico no Brasil, nesse sentido, o apoio a essas iniciativas foi muito grande, pois elas serviam, muitas vezes, de base para a atuação do poder público na implementação de políticas públicas de inclusão digital.
Nesse contexto, a inclusão social passa a um primeiro plano, uma vez que o jogo político e econômico do qual o governo eletrônico é parte, conclui que sem um mínimo investimento na inclusão social, não seria possível falar em inclusão digital. Assim, o discurso da inclusão social ganhou força pela necessidade de uma inclusão digital, e os Telecentros cumprem o papel de espaços mediadores dessa inclusão, ao mesmo tempo em que produzem, enquanto política pública, o consenso da inclusão.
Nessa perspectiva, mais que espaços de acesso gratuito à internet, voltado para população de baixa renda, os Telecentros são, de um lado, uma aposta do Governo (e junto com ele as ONGs) no aumento da população com acesso à internet para, desse modo, construir a sonhada “sociedade da informação”, e, por outro lado, uma esperança das comunidades nas quais ele foi implantado, de obter uma “capacitação” para uma oportunidade de trabalho. Ainda podemos considerar um outro sentido para os Telecentros, que é a utopia de muitos que se envolveram em sua implantação de formar sujeitos para uma cultura digital livre e colaborativa.
Até 2014, segundo o site do Ministério das Comunicações, o Brasil tinha 7.755 Telecentros instalados em todas as regiões.
Bibliografia
DIAS, Cristiane. Telecentros como políticas públicas de inclusão digital: da administração da vida na cidade. In: ORLANDI, Eni (org.) Discurso e políticas públicas urbanas: a fabricação do consenso. Campinas: Editora RG, 2010.
Site do Ministério das Comunicações. Disponível em <http://www.mc.gov.br/telecentros> Acessado em 0402/2015.