Teréna,
Teréno
O povo Terena, às
vezes citado como Tereno, Etelena e Guaná, é encontrado
na região sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul, principalmente
nos municípios de Aquidauana, Miranda, Nioaque, Sidrolândia
e Anástácio. Famílias Terena encontram-se também
em Porto Murtinho na terra indígena dos Kadiweu; em Dourados,
terra indígena Guarani-Kaiowá; e em São Paulo no
Posto Araribá, perto de Avaí e Bauru.
A língua falada pelos
Terena pertence à família lingüística Arawák.
Segundo Ladeira (2001) os Terena podem ser caracterizados como uma sociedade
estritamente bilíngüe em que a distinção entre
L1 (Língua materna - Indígena) e L2 (língua de contato,
o Português) não tem sentido sociológico, pois o
Terena como língua materna, parece não mais ter a função
socializadora. Ela não é tomada como mecanismo de identidade
étnica para afirma-se como sociedade diferente da ocidental, mesmo
assim a língua “não corre risco de extinção devido
ao número significativamente alto de falantes” (Ladeira 2001:106).
A língua Terena apresenta
uma característica interessante no que concerne à nasalidade.
De fato, nessa língua a nasalidade, considerada como um traço
autossegmental, tem função gramatical, ela marca a primeira
pessoa em construções morfológicas como se observa
a seguir.
e'moʔu
‘sua
palavra’ ẽ'mõʔũ
‘minha palavra’ 'ayo
‘irmão dele’
'ãỹõ
‘meu irmão’
'owoku
‘casa dele’
'õw̃õŋgu
‘minha casa’
'piho
‘ele foi
embora’ 'mbiho ‘eu fui embora’
a'hyaʔaʃo
‘ele deseja’
ã'nʒaʔaʃo
‘eu desejo’
ĩw̃ãʔĩnʒo ‘eu
cavalgo’ iwaʔiʃo
‘ele cavalga’
Em suma, a unidade palavra na língua Terena
leva uma marca prosódica de nasalização, que, com
base à teoria fonológica não-linear, é definida
como um autossegmento. Dessa forma, uma palavra nesse língua teria
a seguinte representação:
N [asal]
|
e'moʔu
‘minha palavra’
(A.C.M.)
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