A gramatização brasileira

 O processo da gramatização brasileira do português desencadeou-se entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, com a publicação das primeiras gramáticas e dicionários do português falado no Brasil, elaborados por autores brasileiros, e esteve vinculado à estruturação da instituição escolar brasileira, que havia se iniciado com a criação do Colégio Dom Pedro II, em 1837, a partir da transformação do antigo Seminário São Joaquim.

O que caracterizou esse período é que os estudos da linguagem no Brasil passaram a apresentar-se como uma questão brasileira, ao ser colocada em debate a questão do português do Brasil e não somente a questão do português, que tinha como modelo a língua de Portugal. Como dizia o gramático Macedo Soares, visava-se descrever a língua brasileira tal “como se fala no Brasil e não como se escreve em Portugal”.

Tal processo teve um sentido político específico no contexto das discussões sobre a identidade nacional que caracterizaram o referido período. Através da construção da unidade e da legitimidade da língua falada no Brasil, pela produção de um conhecimento científico sobre ela, visava-se reafirmar a unidade e a legitimidade do próprio Estado nacional independente, frente a Portugal.

A constituição do conhecimento sobre a língua nacional esteve, desse modo, historicamente vinculada à constituição da própria língua nacional e das instituições que sustentam o Estado brasileiro, num processo em que o científico e o político se entrecruzam.

São os textos produzidos nesse período, além de algumas obras portuguesas anteriores que serviram de base, os selecionados inicialmente para o acervo da bvCLB.

C.R.-A.

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