As ciências da linguagem no Brasil

 A história das ciências da linguagem compreende a elaboração de gramáticas e dicionários, instrumentos tecnológicos que são pilares do conhecimento sobre a língua mesmo antes de a Lingüística se instalar como disciplina moderna, a partir do século XIX, com os trabalhos da lingüística histórica e comparada e, já no século XX, com a obra de Ferdinand de Saussure, que delimitou os atuais contornos da disciplina.

A produção gramatical no Brasil, desde o início da colonização no século XVI, teve por um longo período como objeto as línguas indígenas, tendo sido realizada por missionários jesuítas a serviço da coroa portuguesa, autores das primeiras gramáticas e dicionários do tupi. Foi somente a partir da proibição das línguas indígenas nos territórios coloniais estabelecida pelo decreto do Marques de Pombal, primeiro-ministro do Rei José I, publicado em 1757, que o foco da reflexão lingüística se dirigiria ao português, o qual passou a ser objeto de ensino e de discussões nas diversas Academias fundadas no período. Os primeiros trabalhos gramaticais apareceriam somente no século XIX, intensificando-se de forma decisiva na segunda metade do século, com a publicação de um grande volume de gramáticas, dicionários e outras obras que versavam em torno da questão da língua nacional, já no contexto político do Estado independente. Os gramáticos brasileiros basearam-se para suas descrições, de um lado, na tradição das gramáticas portuguesas e, de outro, nas gramáticas coloniais das línguas indígenas, dado que os contatos com estas línguas, assim como com as línguas africanas, eram considerados os responsáveis pelas especificidades da língua falada no Brasil.

O referido período, que corresponde ao da gramatização brasileira do português, constitui um marco na história das ciências da linguagem no Brasil, pois sentou as bases para a posterior institucionalização da Lingüística, na segunda metade no século XX, com a contribuição determinante da obra do lingüista Joaquim Mattoso Câmara Jr.  - embora não se possa estabelecer uma passagem direta entre as abordagens sobre a língua nesses diferentes períodos históricos.

C.R.-A.

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